La Pista Magica
- Eletric Morumbi
- 16 de jan. de 2023
- 4 min de leitura

GP da Itália – Monza 1971
Colaboração: Antonio Carlos Mello Cesar
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Não há como negar, a mais disputada, espetacular corrida de F1 aconteceu em 1971 no autódromo de Monza. Cinco carros cruzaram a linha de chegada amontoados dentro do mesmo segundo, 07 décimos a diferença do quinto para o primeiro, P1 e P2 separados por apenas 06 centésimos. A liderança mudou de mãos 27 vezes, 08 diferentes pilotos ocuparam a ponta durante a prova, e tudo sem parada nos boxes, reabastecimento ou troca de pneus.
Última corrida na velha e desafiadora Monza antes das chicanes serem albergadas nas retas, o vencedor estabeleceu 242.615 km/hora de média horária, um recorde para qualquer pista que durou 32 anos, superado em 2003 pelo alemão Michael Schumacher, quando marcou 247.685 km/hora.
Muita expectativa, como sempre acontece na Itália, pelo desempenho das Ferraris, curiosidade acerca do Lotus 56B Pratt & Whitney e sua turbina de avião pilotado por Emerson Fittipaldi.
Idealizado para correr nos Estados Unidos o 56B foi pole-position nas 500 milhas de Indianápolis 1968. Devido às restrições impostas pelo regulamento da Indy para 1969, visando dificultar a vida dos turbinados e sem interesse de parceiros norte americano, Colin Chapman resolveu adaptar o projeto com destino a F1.
Disse Emerson após aposentadoria do Lotus Turbina: O carro possui tanques sobressalentes para acomodar 300 litros de querosene, uma verdadeira bomba ambulante, custa embalar, mas quando isso acontece vira um foguete. Sem freio motor é um deus nos acuda na hora de frear, confesso que tinha medo de dirigir o 56B turbina.
As grandes estrelas para o público, sem dúvida, os pilotos da Ferrari: Jacky Ickx, Clay Regazzoni e Mario Andretti. Entretanto outras atrações de peso lá estavam:
A equipe Tyrrell de Jackie Stewart campeão antecipado da temporada, seu companheiro de equipe François Cevert dono de um fã clube feminino enorme.
Os campeões mundiais Denny Hulme na McLaren; Graham Hill com Brabham; John Surtees pilotando o próprio carro (Surtees TS9). Por fim um jovem veloz, arrojado, Ronnie Peterson na equipe March bastante revigorada.
Dois personagens, meros figurantes sem o lustre dos atores principais, iriam desempenhar papel memorável no GP de Monza:
Mike Hailwood “The Bike” famoso motociclista, tetracampeão mundial da principal categoria 500cc (Moto GP). Aos 27 anos decidiu abandonar as motos e concentrar sua carreira nos carros. Participou das 24 horas de Le Mans, provas de turismo e F 5000, convidado naquele ano (1971) por Surtees para fazer parte da escuderia, tinha pouca chance, até mesmo pelo porte da equipe.
Peter Gethin bicampeão da F 5000 estreou na F1 pela McLaren em Zandvoort 1970 aos 31 anos. Sem bons resultados acabou demitido no meio da temporada seguinte e para surpresa geral, com a morte de Pedro Rodrigues, acabou assumindo a vaga do mexicano na BRM. Ninguém apostaria um tostão no piloto inglês.
Treinos classificatórios… Chris Amon – Matra Simca V12 pole 1.22.40, média horária alucinante 252.316 km/hora. A Ferrari 312B 3.0 F12 não decepciona, Jacky Ickx P2 primeira fila. Na sequência outros dois carros com motores 12 cilindros, Jo Siffert BRM e Howden Ganley também de BRM. François Cevert quinto, melhor colocado com propulsor Ford V8, sexto Peterson March Ford.
Os outros dois BRM pilotados por Peter Gethin e Helmut Marko, lado a lado, P11 e P12. Mike Hailwood P17 um décimo a frente de Emerson Fittipaldi, o Lotus Turbina é uma decepção.
Dia da corrida… Quando o giro dos motores sobe e o barulho encobre o alarido da multidão, Clay Regazzoni P8 parte feito um bólido e contorna a primeira curva na liderança, delírio dos “tifosis”. Volta 04 Ronnie Peterson supera Regazzoni, 08 carros brigam de forma selvagem pela ponta, pouco depois Jackie Stewart assume o comando. Giro 09 de novo Regazzoni puxa o pelotão, Peterson ultrapassa a Ferrari e lidera por mais 04 voltas.
Do giro 14 a 25 uma intensa batalha, Ronnie Peterson e François Cevert trocam várias vezes de posição, até Mike Hailwood sobrepujar os dois e se tornar um novo e surpreendente líder.
Enquanto isso Peter Gethin que se afastara do segundo pelotão corre sozinho, pista livre, ritmo forte, o BRM P160 responde bem e Gethin diminui distância em relação aos ponteiros.
Lá na frente uma intensa guerra de vácuo, Cevert-Tyrrell; Hailwood-Surtees; Peterson-March; Jo Siffert-BRM; Howden Ganley-BRM e Chris Amon-Matra. O câmbio de Siffert fica travado na quarta marcha, Gethin ganha mais uma posição.
Volta 37… Chris Amon, pole position, se estabelece na liderança com certa autoridade, tudo leva a crer que o talentoso, mas azarado piloto, finalmente vai dar uma banana para a má sorte e conseguir sua primeira vitória.
Volta 41… Ao retirar uma das viseiras do capacete Chris Amon arranca todas, fica difícil pilotar recebendo areia, vento, detritos de borracha nos olhos a mais de 300 km/hora, cai para o sexto lugar. Peter Gethin ultrapassa Amon e chega para se juntar ao grupo da frente.
Volta 55 e última… Gethin passa em quarto, no meio do circuito supera Hailwood depois Cevert. Curva derradeira Peterson lidera, Peter Gethin desliga o limitador de giros, ou arrebenta o motor ou vence a corrida.
Na entrada da parabólica Peterson vacila, deixa espaço, Peter coloca por dentro a BRM começa a escorregar com Ronnie montado em suas costas, o piloto inglês não levanta o pé. Ambos seguem lado a lado até a linha de chegada. Peter Gethin triunfa por 06 centésimos. Vitória espetacular.
Assista um pequeno resumo da corrida:
Antonio Carlos Mello Cesar São Paulo – SP
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